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O futebol é marcado por grandes histórias de rivalidade entre clubes. Na Europa, todo mundo conhece as rixas e os grandes duelos de times como Barcelona e Real Madrid ou Milan e Internazionale.

No Brasil, também não faltam exemplos de equipes que costumam se desafiar dentro e fora dos gramados. Os paulistas contam com os clássicos duelos entre Corinthians e Palmeiras ou São Paulo e Santos, por exemplo.

No Rio, o Fla-Flu e o Clássico da Amizade (Botafogo x Vasco) são parte da cultura futebolística local. Já no Rio Grande do Sul, o que reina é o Grenal.

Apesar de muitas dessas disputas terminarem dentro de campo, outras acabam se estendo para outras esferas, indo parar até nos tribunais.

Esse é o caso de uma rivalidade muito conhecida de cariocas e pernambucanos, que envolve duas potencias Rubro-Negras do país, o Flamengo e o Sport Recife.

A história entre os dois clubes dá muito pano pra manga e, por isso, o Wanna resolveu fazer um texto especial, recordando os principais fatos e atritos dessa rixa, dentro e fora dos gramados.

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Título de 87

Para relembrar o início da treta entre o Mengão e o Leão da Ilha, precisamos voltar no tempo, para o ano de 1987.

Naquele período, as competições do futebol nacional passavam por um processo de reestruturação, com algumas discussões polêmicas entre os clubes com as maiores torcidas e a CBF.

Insatisfeitas com o modelo da época, as grandes camisas do país do futebol almejaram criar um torneio próprio (A Copa União), para jogarem entre si, mas acabaram topando um novo esquema, em acordo com a CBF.

Assim, surgiram quatro “torneios”, sendo os dois principais:

• o Módulo Verde, formado pelas equipes da elite (uma espécie de primeira divisão)
• o Módulo Amarelo, o equivalente à segunda divisão.

De acordo com a CBF, o Campeão Brasileiro sairia dos confrontos entre os dois melhores times de cada módulo. E foi exatamente nessa parte que a instituição máxima do futebol brasileiro e os grandes times bateram cabeça. Eles não concordavam com a maneira escolhida para definir o campeão.

Naquele ano, os vencedores do Módulo Verde foram o Flamengo (1º colocado) e o Internacional (2º colocado). Já pelo Módulo Amarelo, após um confronto acirrado, que terminou com a contagem de 11 a 11 nas cobranças de pênaltis, foram consagrados dois campeões, o Sport e o Guarani.

Estavam definidos os concorrentes ao título brasileiro… ou era o que a CBF acreditava. Como dito anteriormente, os clubes maiores não concordaram com esse modelo e decidiram não participar da decisão da final, perdendo por W.O.

Restando apenas os dois, o Leão da Ilha e o Bugre decidiram o título daquele ano. O Rubro-Negro se saiu melhor e pôde erguer a taça.

Com o resultado, muitos fãs e boa parte do público passaram a questionar quem seria o verdadeiro Campeão. O Sport estava legalmente embasado pela CBF, mas uma grande parte das pessoas que acompanharam os Campeonatos acreditam que o Módulo Verde já seria o verdadeiro torneio responsável por definir o Campeão Brasileiro, portanto o Flamengo.

Pressionada pela FIFA para definir um representante do país na Libertadores, a CBF oficializou o Sport como dono do título.

87 é nosso

A decisão da FIFA de reconhecer o Sport como verdadeiro Campeão Brasileiro de 87 gerou discussões que durariam até hoje e, até mesmo, questionamentos nos tribunais.

O Flamengo recorreu mais de uma vez na esfera judicial e, entre idas e vindas, o caso do clube carioca chegou ao mais alto escalão, o Supremo Tribunal Federal (STF).

Em 2017, o órgão  decidiu acatar a decisão do judiciário pernambucano, mantendo o título do Leão da Ilha. Para não sair totalmente no prejuízo, o Mengão tentou uma outra abordagem. A ideia era que o STF reconhecesse ambos os times como Campeões Brasileiros, com a justificativa de que a decisão do Estado Pernambucano não daria exclusividade a nenhum dos dois interessados.

E, novamente, os esforços da equipe de advogados do Urubu não trouxeram os resultados esperados.

Em 2018, o STF manteve a decisão inicial e o Sport continuou sendo o único campeão na visão da esfera legal.

E aí CBF?

Parte das discussão desde o início, a Confederação Brasileira de Futebol não conseguiu escapar dos questionamentos sobre o assunto.

Mais recentemente, em 2019, sob o comando do técnico português Jorge Jesus, o Flamengo sagrou-se campeão do Brasileirão, com ampla vantagem na tabela.

Porém, mais do que apenas alegrar o torcedor, a taça também reviveu a velha discussão de 87. Enquanto grande parte da torcida e o próprio clube se consideravam heptcampões, os rubro-negros pernambucanos questionaram esse dado e reforçaram que o título de 87 não deveria fazer parte da conta do rival.

Entre mais discussões e ameaças de processo, a CBF não teve opção se não bater o martelo mais uma vez.

A instituição declarou o Flamengo como hexacampeão, contrariando boa parte dos cariocas.

Mas será que tem fim?

Desde 87, foram inúmeras as discussões extracampo que o Flamengo e o Sport tiveram. Os cariocas até já falaram em recorrer à FIFA sobre o assunto.

As redes sociais também se tornaram um palco para debates e, de tempos em tempos, figuras mais conhecidas das duas torcidas, como dirigentes e esportistas, decidem palpitar sobre o assunto e alfinetar os rivais.

No fim, todo fã de futebol sabe que a rivalidade, desde que moderada, só soma ao esporte e traz mais papo para as resenhas.

A cada título e disputa em campo, as duas torcidas revivem essa velha história e os jogadores tentam dar o melhor de si para não ficarem atrás dos rivais.

Assim, até mesmo essa parte das disputas entra para a história do jogo.

Wanna

E aí você já sabia dessa história?

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